Fui apenas um colessionador de fracaços
Istou partindo desSa pra melhor
Adeus mundo cruÉU
O bilhete era uma coleção de clichês, com horríveis erros de português. Ele então se olhou no espelho pela última vez. O reflexo era de um homem pequeno, esquálido, de cabeça raspada. Apontou a arma contra o queixo. Disparou.
E tudo se apagou.
No meio da escuridão foi surgindo um túnel de luz, e no final estava um homem, com enormes asas brilhantes. Sorrindo, ele dizia: “Não morra, meu filho. Você tem uma bela missão pela frente. Volte!”
Sentiu-se deitado, com os braços dormentes. Foi abrindo os olhos lentamente. Sentia uma dor aguda no rosto. À sua frente, sentado na cadeira, estava um gordo de óculos e cabelos encaracolados.
— Estou morto? — perguntou.
— Poderia estar. Mas felizmente sua pontaria é tão ruim quanto a sua ortografia. Há um enorme ferimento na sua bochecha, mas já está começando a cicatrizar. Não toque.
— Aaiiii ! – gritou, quando passou a mão no rosto e sentiu a ardência.
— Eu disse para não tocar...
— O que está acontecendo? Onde estou?
— Pergunta errada, devia ser “Quem sou eu?”. Por onde devo começar? Você não é o que pensa: você é um Nefilim, como eu. Seu pai era um anjo, e você tem poderes sobrenaturais. Estou aqui para ajudá-lo a conviver com seus poderes. Desculpe pelo atraso. Eu deveria ter chegado aqui uma hora mais cedo. Meu nome é Louis Rivet, mas pode me chamar de Gargântua.
— Heim? – gritou à medida que se sentava. O ferimento já estava bem menor.
— Sua mãe foi seduzida por um anjo, esta é a sua verdadeira origem. Você não é humano. Existem anjos espalhados pelo mundo fazendo filhos, e uma das linhagens são os Acólitos, como eu e você...Ei...preste atenção! O que está fazendo?
Ele pegou de novo a arma e apontava desta vez para o ouvido.
— Essa segunda vida é muito pior que a primeira.
Gargântua arrancou a arma das mãos do homenzinho.
— Deixa disso, homem! Isso é jeito de agir! Você é um Acólito, caramba!
— O rapaz tentou se desvencilhar, mas era difícil escapar dos mais de cem quilos de Gargântua. De repente, o olhar dele se iluminou.
Pela janela entrava uma morena maravilhosa de olhos verdes tão impressionantes quanto o decote do vestido colorido.
— Ufa! É ele, Gargântua?
— Sim. Está querendo se matar. É um osso duro de roer.
Com a chegada da moça, as feições do jovem mudaram por completo, abria um sorriso de orelha a orelha. – Você também é uma Acólita, como eu? Oi, meu nome é Lino. Foi saindo abraçado com ela.
— Eu sou Capitu, precisamos inventar um apelido para você. Os Acólitos têm uma missão muito bonita, sabe?
— Não sei, mas estou adorando aprender, pode falar!
Gargântua ficou parado no quarto, sozinho.
— Isso, divirtam-se! Vou ficar aqui esperando até que alguém venha dizer “Obrigado por salvar a minha vida, irmão!”, ou “Obrigado por me dar uma segunda chance!” ou, melhor ainda “Obrigado por me salvar de uma vidinha patética e ridícula!”. Eu não tenho pressa.
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