domingo, 16 de dezembro de 2007

Maytréia 6: Tempestade Astral


DormedosofrimentohorrorsolidãodortormentoinfelicidadedorsolidãotristezaferidaprofundasofrimentodorSOCORROMEAJUDEM


tristezahorrorabandonosolidãodesesperoinfelicidade...


Sua consciência estava mergulhada numa tempestade de sofrimento sem fim. Sua tormenta era tão grande que ela simplesmente não sabia quem era, não sabia como havia parado ali e não sabia o motivo.


Ela só sabia que desejava sair rápido.


Para onde, não sabia. Na verdade, não sabia dizer se havia alguma outra vida além daquela em que ela estava mergulhada.


Tudo se resumia a um sofrimento sem fim.


Mas havia algo mais por ali. Ela podia sentir. Era... outra consciência?



SofrimentosolidãomedodorpenaACABEMCOMISSOPORFAVORtormentovontadedemorrer...



Sim, outra consciência. Mas ao fazer contato, percebeu algo assustador. Essa consciência iria machucá-la... mais ainda?



MedomedomedomedomedomedomedomedoMEDEIXEEMPAZmedomedomedomedoMETIREDAQUIPORFAVORmedomedomedo


NÃOMEMACHUQUEMAISAINDAmedomedomedomedo...



Livre-se nesse medo” disse a outra consciência “use como âncora para firmar sua mente a lembrança de quem você é.”


Mas a voz que lhe falava era horrível e parecia que ia tortura-la com torturas maiores (como se isso fosse possível...o importante é que ela acreditava que sim.).



MedomedomedomedomedomedoNÃONÃOmedomedomedoEUSEREIBOAZINHAmedomedomedomedomedomedoFAREIOQUE


QUIZERmedomedomedomedoSÓNÃOMEMACHUQUEEEEE...



“Cláudia” rosna a voz “seu nome é Cláudia. Lembre-se disso e me siga. Eu não vou machucar você.”



MedomedomedomedomedoVOCÊPROMETEmedomedomedomedomedomedomedoNÃOMEMACHUQUEmedomedomedo


medomedoNÃOMEDEIXESOZINHAAQUImedomedo...



“Então venha, siga na minha direção.”


Mas a voz era assustadora. Era com certeza um grande e poderoso monstro que iria devora-la. Ela lembra de quando ouviu sobre uma história de uma coisa chamada “Bicho-papão” que a devoraria se ela deixasse. Ela não sabe de onde conhecia o Bicho-papão, mas sabia que ele era mau. Não, mais que isso – ele era o Mal.



MedodúvidamedodúvidamedodúvidamedodúvidaEUACHOQUENÃOACREDITOEMVOCÊmedodúvidamedodúvidaEUQUERO


QUEISSOACABEmedodúvidamedodúvidaVOCÊVAIMEMACHUCARRRR...



“Cláudia, não! Concentre-se no seu nome e siga na minha direção...”



MedodúvidapavorpânicohorrorNÃONÃONÃOsofrimentoperdiçãosozinhaMEMACHUCARMEMACHUCARmedodúvidasofrimento


medodúvidasolidãomedodúvidatemorMACHUCAMACHUCAMACHUCA...



“Claúdia, não! Sua consciência está naufragando nas vibrações negativas. Concentre-se. Lembre-se de quem você é. Venha na minha direção!”


Criatura parecia mais assustadora. Ela agora tinha certeza de que era o Bicho-papão. E ele parecia estar se aproximando!


Ela ia ser devorada. Podia sentir com antecipação sua estrutura sendo rasgada por mandíbulas feitas dos mais terríveis sentimentos de ódio e crueldade, se alimentando do medo dela.



TerrorpânicohorrorSOCORROdúvidamedodorsofrimentoantecipadohorrorSAIDAQUImedopavortristezasofriemtohorrorSAISAISAI


desilusãosofrimentomedohorrortristezadesânimoSAIIIIIIIImedoterrorterrorterrorterrorKKKKKKKKK...



A consciência dela sumia aos poucos. Enlouquecendo em meio ao tormento que atravessava, ela sentia que se “desfazia” no meio de um maremoto. A criatura parecia infernalmente próxima e disse uma única frase. Essa frase não foi pronunciada como o grito de alguém que parecia estar procurando outra pessoa numa tempestade. Não, ela foi dita quase que num sussurro...e foi isso que a tornou profundamente assustadora e decisiva para o que ocorreu depois.


“Cláudia, se você não vier até mim eu vou devorar você.”



MedomedomedomedoDEVORAR?medomedomedomedoDEVORARAMIM?medomedomedomedoDEVORARACLÁUDIA?


medoraivamedoraivamedoraivamedoraivamedoraivaEUSOUCLÁUDIAraivalutarraivalutarraivalutarEUSOUCLÁUDIAENÃOSEREI


DEVORADAlutarcoragemlutarcoragemlutarEU NÃO SEREI DEVORADA POR NINGUÉM!



Tudo estava calmo.


Cláudia lembrava de quem era. E lembrava de quem era aquele que flutuava a sua frente, que ela pensava ser o Bicho-papão. Ridículo, o Bicho-papão só existirá se ela quiser.


Quem estava na sua frente era o seu Tutor e ele sorria.


“A tempestade acabou?” ela perguntou, aliviada por se lembrar de quem era e por se livrar do inferno em que esteve até aquele momento.


“A tempestade só existia em você. Lembre-se de que neste plano, as coisas respondem ao seu estado de espírito. Se você fica com medo, o medo se acumula ao seu redor atraindo outros sentimentos negativos até que sua percepção da Maya seja obliterada e você veja apenas sofrimento. Daí para a perda completa da consciência é um pulo.”


“Aquilo foi horrível” Cláudia ainda tremia com a experiência “agora entendo como surgiu o conceito de inferno...”


“É mesmo?” seu Tutor faz aquela expressão misteriosa que a intriga tanto “Mas admito que grande parte da culpa foi minha.


Quando deixei você se transformar em corpo astral, eu devia perceber que seu medo estava muito forte. Isso provocou a bola de neve que vimos.”


“Eu acreditei que você era o Bicho-papão. Achei que você iria me devorar...”


“Sim, isso é possível. Enxergando o mundo através da lente do medo, tudo vira algo que pode lhe machucar.”


“Podemos ir embora, agora?” ela pergunta, ainda temerosa.


“Não deixe que o medo a domine novamente” o Tutor diz, tranqüilo “Além disso, uma experiência ruim não é garantia de que todas elas assim serão. Venha, eu conduzirei você.”


Ele sorri novamente.


“Afinal de contas, você nem viu ainda o mais interessante...”


Cláudia se prepara para seguir seu Tutor. Mas antes de partir, uma curiosidade surge e ela não consegue evitar a pergunta:


“Quantas horas você lutou para me tirar deste estado?”


Seu Tutor se virou devagar e soltou as palavras com muito cuidado, evitando chocar muito a sua pupila:


“Acho que cerca de meio minuto...”


Não adiantou. Cláudia se assustou profundamente ao pensar nas possibilidades. Temendo que ela voltasse a demonstrar algum descontrole, seu Tutor falou rapidamente:


“Bom, agora você sabe como a concepção de inferno foi criada em nosso mundo...” ele sorri para ela então “... assim como a de céu.”


Ela reflete um pouco e entende que era verdade. Se este lugar podia criar um inferno ele também poderia criar um céu.


Sorri de volta para o seu Tutor.


“Obrigada por me salvar... vamos?”


E eles partem, com Cláudia devidamente próxima de seu Tutor.


TEMPESTADE ASTRAL foi escrito por Danilo Faria

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