Isaura era a atração local. A jovem dançava em meio ao salão de festa, embalada pelo ritmo que se deslocava das caixas de som até o ambiente. Chamava a atenção dos homens pela sua beleza e alegria. Dançava sozinha, mais preocupada em curtir as músicas que em ser o centro das atenções.
Mas ela era o centro das atenções. O vestido leve se desenhava no bailado do vento, enquanto as pessoas em volta observavam com um misto de inveja e admiração. As conversas a sua volta eram interrompidas constantemente para uma espiadinha ocasional.
Isso não passou despercebido de Rafael. Ele observava a bela mulher com o mesmo ímpeto que os outros. A festa ocorria em um salão de condomínio, pois era aniversário de um amigo em comum aos dois. Rafael nunca havia dado muita atenção para Isaura, mesmo sabendo que ela era bem bonita. Só que ao ver ela dançando tão empolgada e solta, seu desejo aumentou. É claro que ele tinha uma vantagem em relação a todos os cobiçosos olhares em torno. E ele pensou em usar essa vantagem imediatamente.
Iniciado recentemente, Rafael ainda precisava aprender muito sobre os shiddis que estava estudando. Mas ele já sabia o suficiente para, como um bom estudante de medicina, conhecer exatamente quais hormônios produzir para gerar a reação desejada. Rafael acreditava que era perfeitamente possível se divertir um pouquinho com o que aprendeu até agora, ao contrário do que o seu Tutor mal humorado afirmava. Ele se perguntava de que adianta ter poder se não se pode usá-lo. Todo aquele papo de que o poder não pertencia ao Iniciado e que deveria ser usado para o bem coletivo apenas o deixava mais intrigado.
Ele esperou o momento certo. Infelizmente, ainda precisava tocar no seu alvo para atingir seus objetivos e não ficaria bem se aproximar e tentar tocar Isaura enquanto ela dançava. O momento surgiu quando a jovem resolveu fazer uma pausa para tomar um refrigerante.
Ela se afastou para o lugar onde se serviam as bebidas e Rafael tentou ir também da maneira mais discreta possível. Calculou o tempo de forma a chegar no instante em que ela pegava a bebida. Aproximou-se com um sorriso e disse:
- Tem uma cerveja aí?
- Tem sim! – Ela sorriu de volta e se virou para pegar a lata de cerveja.
- Valeu! – Rafael aproveitou o momento em que pegava a cerveja e resvalou na mão de Isaura, acionando o shiddi.
A reação da jovem foi imediata. Por um momento – um breve segundo – seus olhos se anuviaram. Rafael sabia o que era isso; o cérebro dela estava se adaptando a nova situação a que fora imposto. No instante seguinte o sorriso dela aumentou e seus olhos brilharam. Ele aproveitou e foi à carga:
- Sabe Isaura, você dançando ali estava realmente tentadora... tipo assim, você tava demais...
- Você achou...?
- Se achei...
- Você sabe dançar?
- Igual a um pedaço de mau caminho como você? Não. Mas não ficaria nem um pouquinho triste com um showzinho particular...
Ela sorri com um ar sacana:
- É mesmo?
Então, se aproxima suavemente do ouvido de Rafael para sussurrar:
- Nem nos seus sonhos, bobão...
Rafael é pego de surpresa. Ele não esperava por isso. O que havia acontecido? Ele tinha a certeza de que o shiddi funcionara perfeitamente...
“E funcionou” – disse a voz de Isaura na sua mente – “... estou morrendo de vontade de fazer sexo com você, seu covardezinho desgraçado!”
Ele ficou meio confuso por um instante e então... percebeu... ela estava falando dentro da sua mente! E continuou.
“Mas seu truquezinho sujo não vai funcionar comigo. Quer dizer que o rapazinho não se garante e apela para truques? Vou te ensinar uma liçãozinha...”
Enquanto ele tentava se recobrar da situação, ela aproveitou que ninguém olhava naquele momento e alisou a virilha do rapaz por sobre a calça. A momentânea surpresa e alegria que Rafael sentiu pelo gesto inesperado logo se transformou em profunda decepção. Ele sentia sua virilidade se esvaindo.
Novamente falando, Isaura sorri e pisca o olho para ele:
- Assim ficamos elas por elas. Eu vou ficar com vontade, sabendo de seu truque sujo e sentindo muita raiva e você vai ficar sem vontade nenhuma, sabendo que foi o meu truque sujo!
Isaura volta para o salão e recomeça a dança. A noite prometia. Imagine só, encontrar um Não-Doutrinado na festa... e logo o velho Rafael! Talvez seus superiores queiram saber mais sobre ele. Talvez ela consiga informações importantes sobre os Iniciados locais.
Ainda dançando ela se volta para ele. Seu ar de confusão, raiva e vergonha misturados estava engraçado. Isaura começou a pensar que talvez ele merecesse o tão cobiçado “prêmio” de ter sua companhia na cama esta noite. Ele era perfeito: bonito e idiota.
Ela só iria deixa-lo furioso e encabulado por mais um tempo, como uma lição. Depois, uma noite bem feliz.
E então, ele iria entender o que era se meter com uma Centriaria...
CONQUISTANDO ISAURA foi escrito por Danilo Faria
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